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terça-feira, 30 de julho de 2013

Declaração de Dilma sobre a permanência de Lula na vida pública arrasta o antecessor para a crise

Muito cuidado – Na entrevista concedida ao jornal “Folha de S. Paulo”, a presidente Dilma Rousseff descartou o “Volta Lula” alegando que o ex-metalúrgico não saiu da vida pública e que ambos são “indissociáveis”.
“Esse tipo de coisa não gruda, não cola. Falar em ‘Volta Lula’ e tal… eu acho que o Lula não vai voltar porque ele não foi”, disse a presidente.
As interpretações sobre a entrevista foram as mais diversas, mas a que prevaleceu é que Dilma mostrou à opinião pública uma clara dependência do antecessor, que a transforma em marionete de luxo do ex-presidente.
É preciso analisar com calma as entrelinhas da entrevista para se chegar a uma conclusão que não seja refém do clamor das redes sociais e das manifestações dos partidos de oposição. A declaração de fato soou descabida, mas Dilma pode ter deixado escapar um sinal de que o PT vive uma intensa e viperina disputa nos bastidores. Basta analisar os fatos recentes e montá-los como um quebra-cabeça.
Quando estourou a crise política, Dilma colocou na linha de frente o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que enquanto defendia o governo tentava puxar o tapete de alguns companheiros fincados no poder por Lula. Desde que teve de aceitar uma carraspana de Lula, a relação de Mercadante com o ex-presidente, que já não era boa, piorou de uma vez. No auge da crise o ministro da Educação tentou assumir as funções de Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, mas a petista continuou no cargo com o apoio de Lula.
O mesmo aconteceu com Guido Mantega, titular da Fazenda, que teve a cabeça pedida por Mercadante. E de novo a incursão de Aloizio Mercadante fracassou, uma vez que a presidente não embarcou nessa briga de foice interna. Mantega é um dos ministros da cota de Lula e sua eventual demissão seria reconhecer que a herança deixada no Palácio do Planalto é maldita. Apesar de o ministro da Fazenda já ter balançado inúmeras vezes e há muito merecer a degola por causa dos vários desacertos na economia.
Deixando de lado a briga que migrou para a borda da crise, a declaração de Dilma sobre seu vínculo com Lula arrastou o ex-presidente para o olho do furacão. Em outras palavras, Dilma deu a entender que o legado do antecessor é amaldiçoado e que se ela cair o ex-metalúrgico irá a reboque.
Que ninguém pense que a presidente é ingênua e que desconhece as regras do jogo. Tanto é assim, que o gazeteiro-mor do “Volta Lula”, Devanir Ribeiro, declarou que a ideia, descartada momentaneamente, serviu para chacoalhar a presidente. Deputado federal pelo PT paulista, Devanir é muito próximo a Lula e autor da proposta absurda e fracassada do terceiro mandato. Não se deve imaginar que o “Volta Lula”, idealizado e incentivado pelo próprio, está sepultado.
A 19ª edição do Foro de São Paulo, grupo que reúne a esquerda latino-americana, começa na quarta-feira (31), em São Paulo, e Dilma não poderia romper a semana enfraquecida. O cenário deixa evidente que a disputa pelo poder é bruta e desleal.
Fonte: Ucho.Info

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