Graça Salgueiro
O
Dr. Milton Simon Pires, médico cardiologista e intensivista (UTI),
concursado e funcionário do Hospital Nossa Senhora da Conceição
(conhecido apenas como Hospital Conceição) em Porto Alegre desde junho
de 2010, ao chegar para trabalhar na manhã do dia 22 de setembro
constatou que seu ponto eletrônico estava bloqueado, então foi perguntar
o que havia ocorrido. Encaminharam-no ao setor de Relações Humanas
quando uma funcionária entregou-lhe um documento no qual dizia que ele
estava afastado do trabalho por 60 dias. Perguntada, a jovem não soube
responder, pois era encarregada apenas de fazer a entrega.
O documento recebido foi a Portaria nº 443/14, que resolve “afastar por 60 dias ‘a contar do recebimento desta’ o Dr. Milton Pires (...), conforme o disposto do Art. 9º do Regulamento de Procedimentos e Sanções Disciplinares do Grupo Hospitalar Conceição (GHC)”.
Constam os nomes e assinaturas dos doutores Carlos Eduardo Nery Paes,
Diretor Superintendente do GHC, Dr. Gilberto Barichello, Diretor
Administrativo e Financeiro, e apenas o nome, sem assinatura, do Dr.
Paulo Ricardo Bobek, Diretor Técnico e chefe do Dr. Milton.
O Art. 9º do tal regulamento diz o seguinte:
“Como
medida cautelar a fim de que o empregado acusado não venha a influir na
apuração da irregularidade ou falta funcional, a Diretoria do Grupo
Hospitalar Conceição poderá determinar, a qualquer tempo, o afastamento
do empregado do exercício de suas funções, pelo prazo de até 60
(sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração”.
Parágrafo único:
“O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão seus efeitos, ainda que não concluído o processo”.

Bem,
o teor do artigo do regulamento não foi citado, nem na portaria nem
verbalmente, mas o doutor Milton descobriu. Dele, não se conclui nada a
respeito do motivo de sua aplicação ao seu caso, mas sabe-se que corre
um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) em que o objetivo final é
uma “rescisão motivada de contrato”, mas que isso só poderá ocorrer em
janeiro porque agora estamos em período eleitoral. Assim, deixa-se o
incômodo médico fora do hospital até o fim do ano, para que ele não
denuncie as barbaridades que tem visto lá dentro e com isso “queimar” os
candidatos governistas.
O Dr. Milton tem-se destacado por denunciar a má gestão do Hospital Conceição - que é controlado pelo PCdoB e PT, e diz atender “100% dos pacientes do SUS” - e depois que um artigo seu, (Santa Maria e a Guerra do Vietnã) que foi publicado no blog de Ricardo Setti na revista Veja no início de
2013, onde tece sérias críticas e um aviso sobre a contratação de
“médicos” cubanos, passou a ser vigiado, acossado, perseguido. Além
disso, tem textos publicados em seu blog Ataque Aberto e no grupo do Facebook “Inglorious Doctors” criado por ele, que são reproduzidos pelos sites Mídia Sem Máscara e Papéis Avulsos. A partir daí, começou a pagar o preço de suas opiniões políticas anti-petistas e anti-comunistas.
Em
agosto de 2013, Dr. Milton entrou com uma apelação administrativa pela
avaliação de desempenho que lhe fora feita e considerada “muito
insuficiente”. No parecer da Junta Recursal, afirma-se que após ouvido o
requerente, que na ocasião disse fazer uso de medicamento para
depressão, diz-se que o Dr. Milton fora afastado do trabalho em 2012 por
“surto psicótico”. Temos que recuar um pouco no tempo. Conforme dados
do prontuário do paciente Milton Simon Pires no Serviço de “Saúde do
Trabalhador” do Hospital Conceição, e conforme diagnóstico do Dr.
Alexandre Schmidt, CREMERS 30.359, Médico Psiquiatra, às 16:00 horas do
dia 20 de junho de 2012 após vê-lo e ouvi-lo uma única vez, o paciente Milton Pires apresenta “Sintomas sugestivos de Paranóia. Contudo, com crítica preservada”.
Dois
dias depois, na tarde de 22 de junho de 2012, o Dr. Armando Castro
CREMERS 13.095, médico do trabalho da unidade de “Saúde do Trabalhador”,
que não é psiquiatra, conclui no prontuário do Dr Milton que ele
apresenta “Características de quadro Psicótico Paranóide” e encaminhado ao SUS sob o CID (Código Internacional de Doenças) 23.9.
Voltando
ao parecer da Junta Recursal, em entrevista com o gestor Edson Moraes
Rodrigues Filho, mesmo não sendo psicólogo ou psiquiatra, este afirma
que o Dr. Milton sofre de “distúrbio paranóico” e que tem problemas de
relacionamento com os colegas. Testemunhas identificadas como
“trabalhador 1, 2, 3, e 4”, ou seja, testemunhas anônimas, acusam-no de “não
examinar os pacientes”, “não lavar as mãos”, “conflitos com familiares
de pacientes da UTI”, “jogar equipamentos no chão”, “não usar
equipamentos de proteção individual”, etc.
Todo este episódio está repleto de irregularidades e nos remete ao livro “O Processo”,
de Franz Kafka. Dr. Milton não foi informado do afastamento diretamente
por seu chefe imediato, como deveria ser, mas por uma funcionária
administrativa que, como um carteiro, apenas entrega a missiva.
Desrespeitaram seu direito ao devido processo, uma vez que até o momento
não se conhece o motivo do afastamento, embora saibamos com clareza que
trata-se, como nos Tribunais Revolucionários desde Stalin até os dias
de hoje, em Cuba, Venezuela e países comunistas, de um castigo por
divergir da política do regime.
O
documento foi redigido no dia 18 e entregue apenas no dia 22, embora o
Dr. Milton tenha cumprido seus plantões nos dias 18, 19 e 21 de
setembro. Por que esperaram tanto tempo para entregá-lo e, ainda assim,
de maneira irregular? Quem são as “testemunhas” que se identificam
apenas como “trabalhador”, quando pela Constituição é vedado o
anonimato? Por que o sigilo em identificar esses depoentes? Quem são
essas pessoas e por que aceitaram mentir de forma tão grosseira contra
um profissional respeitado como o Dr. Milton? Por que o hospital manteve
durante mais de um ano um profissional que trabalha numa área sensível
como a UTI, quando a mesma direção concluiu que o mesmo é um “psicótico”
que vive em surto, pondo em risco a vida dos pacientes sob seus
cuidados, seus colegas de trabalho e as famílias dos pacientes? É esse o
apreço que o Hospital Conceição, “100% SUS”, dispensa àqueles que ali
buscam atendimento?
Quando
denunciamos que o contrato entre a ditadura cubana e o Brasil de 13.000
“médicos” não visava, de modo algum a atender a população necessitada e
sim uma jogada político-eleitoreira, não imaginávamos que a perseguição
e substituição dos verdadeiros médicos brasileiros fosse ser tão
rápida. O Hospital Conceição tem um orçamento de mais de 1.2 bilhões de
reais/ano, mas não há leitos suficientes para abrigar os pacientes que
se acomodam nos corredores, no chão, a higiene é precária, há insetos
circulando em um ambiente que deveria ser acéptico, conforme pode-se ver
na foto.

Diante
da repercussão que o caso ganhou na mídia, sobretudo em sites e redes
sociais em apoio ao Dr. Milton Pires, o GHC publicou em seu site, no dia
24 de setembro, uma “nota de esclarecimento”,
onde afirma que o afastamento deveu-se a uma denúncia de uma colega
médica (no site omitem o nome, mas ela chama-se Ana Paula Ribeiro Rucks)
por“agressões
físicas e verbais durante o horário de trabalho conforme Boletim de
Ocorrência Policial registrado na Delegacia da Mulher”.
Mais uma vez, o Dr. Milton tomou conhecimento do fato de forma
indireta, para que não possa se defender. Existe exame de corpo de
delito da Drª Ana Paula provando a “agressão física” sofrida pelas mãos
do “psicótico” Dr. Milton? Não se conhece porque isto nunca ocorreu!
A Rádio Vox, criou junto com o Citizengo uma petição exigindo o fim da perseguição empreendida pela direção do Hospital Conceição que pode ser assinada clicando aqui. A Rádio Vox tentou
conversar com a Assessoria de Imprensa do Ministério da Saúde, uma vez
que o ministro Arthur Chioro é também presidente do Conselho de
Administração do referido hospital e auxiliar direto de Dilma Rousseff,
mas nas tentativas feitas nos dias 24 e 25, as pessoas ficaram remetendo
para outras e outras e outras, e ninguém concretamente falou até agora
com a rádio.
Este
fato clama aos céus e serve como alerta para todos nós que não nos
calamos diante dos crimes cometidos por este governo comunista que
pretende instalar no Brasil um regime ditatorial igual aos que já vigem
em Cuba, há malditos 55 anos e na Venezuela há 15. Plantar falsas
evidências, usar testemunhas e testemunhos falsos, rotular (e muitas
vezes internar) de “psicóticos”, são os mesmos métodos utilizados por
regimes comunistas há séculos, para incriminar e condenar aqueles que
ousam discordar de seus propósitos. O Dr. Milton Pires foi escolhido
como o bode expiatório mas se não fizermos nada, se nos calarmos
covardemente diante de um descalabro desses, seremos coniventes com um
crime monstruoso e provavelmente as próximas vítimas.
Finalmente, no vídeo abaixo o Dr. Milton Pires conversa com seu advogado e expõe o caso.
http://notalatina.blogspot.com.br/
Fonte: Mídia Sem Máscara